“Ser ou não ser...eis a questão” – Enfrentando o bicho papão que virou demônios na vida adulta
- PATRICIA KLEIN
- 17 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2021
Essa menininha da foto, sou eu. Inocente, doce, criança. Mal sabia eu nessa época, que as dores da infância, seriam afloradas na vida adulta.
Todos nós sofremos algo na infância, que é justamente o período que está sendo construído o nosso “Eu”, moldando nossas emoções. Porém, não nos damos conta de que muitas vezes o que somos hoje, é o reflexo de uma carência emocional vivida nessa fase da construção do nosso eu interior.
Uma rejeição, um abandono, uma negligência afetiva, agressão, humilhação, tortura psicológica, abuso, etc...Tudo isso, inevitavelmente te molda na vida adulta.

Uma vez recebi um texto de uma colega, escrito pela psicóloga e analista clínica Rosemeire Zago, que falava justamente sobre Abraçar a nossa criança interior.
Fiquei tão surpresa com o texto que chorei.
Nos últimos tempos a minha criança se manifestou. Somada as cargas emocionais dos últimos tempos, resultou num Eu adoecido. Minha criança estava gritando por socorro, e meu Eu adulto, também.
A criança, por instinto, se manifestou através de uma sensibilidade extrema. Soluços de choro, dor, tristeza. Já o meu Eu adulto, medo, medo, medo.
Um turbilhão de emoções e sentimentos, contidos, camuflados e despertados em qualquer sinal de alerta, perigo. “Não vai dar certo”, “você será traída novamente”, “não dá para confiar em ninguém”, “está acontecendo tudo de novo”, etc...
E aí... chega uma hora que nem o corpo aguenta.
Estou descobrindo que nem sempre você encontrará pessoas na sua vida que irão aceitar você com todas as suas pendências emocionais, mesmo que você esteja se descobrindo e buscando seu ponto de equilíbrio. ( tem gente que morre sem encontrar o seu ponto de equilíbrio e sem reconhecer suas falhas como ser humano).
Estou entendendo que mesmo que você explique, justifique, sempre vai haver alguém que só vai apontar o dedo na sua cara para se sentir melhor, que sempre vai haver, quem não reconheça em você o seu potencial.
E ok. Ninguém é obrigado a entender você. Mas você precisa entender a si mesmo. Nem sempre essa caminhada sozinho(a) é fácil. Aliás, nunca é fácil.
Abraçar a sua criança interior, é olhar para o que te deixa triste, inseguro(a), olhar para seus medos e enfrenta-los. Ninguém é perfeito e totalmente isento de conflitos internos.
Passei dias com crises fortes de ansiedades, noites mal dormidas, cansaço, depressão, desânimo. E não sabia ao certo o que estava acontecendo, afinal, estou de volta ao trabalho depois de ter ficado por um ano e meio desempregada, me sentindo um nada. Estou trabalhando na minha área, com pessoas incríveis e então por que é que eu não estou bem?
Era só a minha criança pedindo colo, atenção, respeito, carinho...E aí descobri que estava buscando atenção, carinho, respeito em outra pessoa, quando na verdade, era de mim mesmo que eu precisava.
E pasmem! Estou reaprendendo a respirar! Estou em um processo de descobertas de sentimentos, de autoconhecimento. E isso tudo aqui, vocês sabem que não tenho firulas pra falar e isso também é uma superação, já que até os 18 anos, eu não conseguia me comunicar com as pessoas; É só para dizer que nem sempre o que você precisa, está nas outras pessoas, às vezes está dentro de você. Nem tudo que é óbvio pra ti, será Óbvio para o outro. Por isso não se anule, não se culpe por ser quem é.
Estou descobrindo que assim como a obviedade, o tempo para mim também é diferente de outras pessoas. A maior dificuldade é aceitar as diferenças, porque temos mania de padronizar comportamentos, porque comparamos tudo com todos.
Nesse memento, também entendi que minha mania de desativar contas das redes sociais, era uma fuga. Quando na verdade eu devo enfrentar meus “demônios”, sejam eles quem forem... Tudo é uma descoberta. Um aprendizado. Cabe a você se abraçar forte e não esperar esse abraço cuidadoso de alguém...
O verdadeiro sentido de se ouvir, se amar e se respeitar é cuidar da sua criança interior e driblar seus "demônios", que assim como o bicho papão, era só a sombra distorcida de um cabideiro no escuro de uma noite...
Obrigada por ler essa minha experiência.
Vamos nos cuidar?
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