Sobre saudade...
- PATRICIA KLEIN
- 8 de jan. de 2021
- 2 min de leitura

É estranho pensar em planos de Deus para cada um de nós, quando nós não aceitamos que os “planos dele” eram interromper a vida de três pessoas em um acidente de carro.
É até insano você sonhar com sua prima que chorou e desabafou com você uma semana antes do acidente, dizendo “eu não sei o que vai ser da minha vida”, e você dizer, “calma, tu sabe que é uma fase e vai passar, vai passar, acredita em Deus” e de repente, cinco dias depois, ela ser arrancada da vida de todo mundo como se fosse uma afronta da vida, de Deus ou do diabo dizendo:
- “Dane-se seus sonhos, planos e sua força de vontade para lutar e querer mudar sua realidade, você não irá conseguir fazer nada disso, porque não estarás mais aqui”...
E para confirmar essa indignação, você sonha duas semanas depois mais ou menos que ela “volta” para a vida, indignada com as mudanças que aconteceram tão de pressa em tão pouco tempo, briga, xinga e diz:
-“Agora vai ser tudo diferente”.
Mas você sabe que ela morreu e fica vendo ela andando de uma lado para o outro pedindo mais uma chance à Deus...e acorda com uma voz marcante dizendo:
-“Você só tem uma chance!”.
Fiquei dias pensando nessa frase, “você só tem uma chance, você só tem uma chance”...
Entendi que talvez fosse uma mensagem para mim, indiretamente. Dizendo talvez que a gente só tem uma chance na vida, com a vida para viver sem medo, viver o melhor que puder.
Na verdade foram tantas coisas que ficaram de lição para cada um que conviveu com eles.
Mas hoje, dia 08 de janeiro de 2021, minha prima Sabrina que era uma grande amiga, completaria seus 39 anos de idade. Amanhã, 09, um ano e seis meses do acidente trágico que levou meu tio Luiz, minha tia Vera e ela...

Outras pessoas queridas da família partiram em 2020...todos foram importantes na nossa vida.
Mas tive uma afinidade e convivência maior com eles.
Ela, sempre torcendo por mim. Tínhamos uma mania de chorar de tanto rir dos caras que a gente achava que eram o amor da nossa vida.
Cada luta, cada etapa era compartilhada entre a gente.
A sensação é quase igual a de muitas outras pessoas que conviveram com eles, de que ainda não dá para acreditar. Parece até que eles estão fora da cidade, viajando...
Já ri sozinha pensando nela ou “ah se tu tivesse aqui a gente daria aquelas gargalhadas juntas”, já chorei pensando a mesma coisa...
Dizem que o tempo cura. Pelo menos ameniza aquele soco no peito do choque, mas a ausência é uma falta inestimável.
..
Mas confesso que hoje sinto que ela está bem, que eles estão bem. E isso é muito reconfortante.
E sempre sentirei falta dela em muitos momentos que certamente a gente estaria rindo e vibrando juntas. Obrigada pela sua amizade, compreensão e acolhida nessa sua passagem por este planeta estranho...
Obrigada Deus por todos aqueles anos.


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